terça-feira, 16 de abril de 2024

No limiar do verbo

O mundo me inquieta
O desencanto me encerra
Dilemas que se tornam problemas
Sem respostas, nem apostas
E o pior, sem perguntas
Tantas pegadas juntas
Tantos passos perdidos
Tantas vidas sem sentido
Não há mais lugar almejado
Todo espaço se torna vazio
Como o leito seco de um rio
Por mais que já tenha sido visitado
Uma roda viva,
Que cumpre sua premissa de girar
E logo, tão logo, 
De volta ao mesmo lugar
O fim que vira começo
De um começo que não chega ao fim
Acasos, destinos, 
Fracassos, desatinos
O crescimento dói, 
Porque retira de cena
A visão inocente
E, dali, o que se constrói
É na engrenagem do sistema
Ignorante, talvez conivente
De pessoas, 
Nem tão más, nem tão boas,
O crescer é enxergar, 
Se misturar sem se perder
Mas quando se dá conta
Você já está no limiar
Fronteira distante do seu palco
Agora sem luz, 
E de um vislumbre do universo
Da aparência que seduz
Sem prosa e sem verso
A desalmada vida 
Da essência perdida
No caos do tempo
Que esconde a paz
Afasta o tormento
Sob efeito do pensamento
Que varre a alma
Feito vento e ventania
Deixando o verbo no infinito
Sepultando a alegria
No lugar mais bonito
Em que não há limiar
Somente, amar...