segunda-feira, 22 de abril de 2024

Resenha: Pedras, plantas e outros caminhos - por Lucimara Costa



O filme "Pedras, Plantas e Outros Caminhos" proporciona uma experiência profundamente impactante, instigando uma série de reflexões sobre a complexidade da condição humana e os desafios enfrentados por aqueles em situação de vulnerabilidade social. 

Uma das reflexões centrais que emerge do filme é a realidade de pessoas como Ney, que enfrentam adversidades sem terem escolhido estar nessa posição. Contrariando a visão simplista de que a pobreza é uma escolha, o filme nos leva a compreender que somos moldados pelo ambiente ao nosso redor. A falta de estrutura familiar, apoio psicológico e recursos financeiros adequados perpetua essa realidade desoladora, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes e uma sociedade mais solidária. 

O caráter humanitário de Ney se destaca, mesmo em meio às circunstâncias mais adversas. Sua preocupação com a natureza e sua dedicação às plantas e pedras demonstram uma sensibilidade e bondade intrínsecas, desafiando estereótipos e preconceitos. Isso ressalta a importância de reconhecer a dignidade e o valor de cada ser humano, independentemente de sua condição social. 

A importância da família na formação do indivíduo é outro ponto relevante destacado pelo filme. A ausência de apoio familiar expõe a fragilidade das relações sociais e destaca a necessidade de uma sociedade mais inclusiva e solidária. 

A relação entre Ney e sua acompanhante terapêutica, Thaís, também merece destaque. Thaís não apenas desempenha um papel profissional em ajudar Ney, mas também demonstra uma conexão genuína e compassiva com ele. Essa relação exemplifica a importância do apoio interpessoal na superação de desafios e na promoção do bem-estar emocional. 

A atuação dos profissionais de saúde, especialmente dos psicólogos, é fundamental na promoção do bem-estar e na reconstrução da dignidade humana. O filme alerta para a necessidade de uma abordagem mais empática e acolhedora por parte desses profissionais, destacando a importância de estabelecer vínculos de confiança e compreensão com os pacientes. A prática da psicologia vai além das paredes acadêmicas, exigindo sensibilidade e adaptação à realidade de cada indivíduo. 

Além disso, o filme levanta questões sobre a relação entre saúde mental e ambiente urbano, convidando-nos a refletir sobre o impacto do ambiente físico e social na saúde mental das pessoas.

Embora o formato de atendimento apresentado no filme possa gerar preocupações quanto à segurança dos profissionais, os benefícios e aprendizados resultantes desse tipo de abordagem superam os desafios. A troca de experiências, a redução de danos e o enriquecimento pessoal e profissional são aspectos que merecem ser considerados ao avaliar os riscos envolvidos. 

Por fim, "Pedras, Plantas e Outros Caminhos" nos desafia a repensar nosso papel como membros de uma sociedade que deveria ser mais empática e solidária. Ao confrontar questões profundas sobre a condição humana, o filme nos instiga a agir em prol de um mundo onde todos possam viver com dignidade e respeito.

Reflexão Crítica sobre o filme Pedras, plantas e outros caminhos apresentado na disciplina de PSICOPATOLOGIA II, Profª Clara Moriá, 7º p. Psicologia, UNITRI, por Lucimara Costa.