quarta-feira, 27 de abril de 2016

A vida tem e a morte vem


Eterna é a morte
A sua dor é eterna
O vazio que causas é eterno
Resiste na memória a lembrança
Lembrança que angustia

A vida é o início da eternidade
Eternidade que se estende após a vida
Aos que permanecem na história
Consola a memória dos que antecederam na partida

A certeza que se tem é que um dia partiremos
Cedo ou tarde iremos
O tempo se encarrega de reorganizar a vida dos que ficam
As lembranças vão se diluindo na rotina desse tempo
Dias que as dores se intensificam
Dias que não sucumbimos em nós mesmos

Não existe topo nem prêmio na chegada
Caminhamos para um fim,
Imediato ou distante fim
É fato
O prêmio é a caminhada
O topo de tudo é a constante caminhada
Cada instante é uma chegada
Que fica registrada nesse tempo

O deleite da poesia
Permite a ousadia de não almejar ônus
Nem qualquer manejo de vislumbre ou vitrine
A doce e insana rebeldia
Insiste em pintar o vento e sua dança
Fazer loucuras em tempo incerto
Sonhar a vida em estações de outono
E desdenhar da morte que um dia vem

Poetisar a vida e esquecer da morte
Não há por onde
Cada estação, cada momento é chegada única
E um dia não mais continuaremos
Pois será a estação última