segunda-feira, 18 de junho de 2012

A vida à partir do fim: filosofias ou ensaio sobre a morte...

Pensar na vida sob a concepção de que já nascemos morrendo chega a ser assustador, por vezes, incompreensível. Imaginar a vida como uma linha no tempo talvez ajude na interpretação do pensamento. Diferentemente de qualquer produto que tenha o seu prazo de validade ou tempo certo para perder sua utilização, nós, seres humanos e vivos, à medida que evoluímos neste tempo, errando ou acertando, caindo e levantando, chorando ou sorrindo, caminhamos como aprendizes desta vida rumo à maturidade da alma e ao envelhecimento do corpo.

Destino? Não. Somos protagonistas de nossa história e podemos seguir o caminho que melhor nos convir. Podemos plantar o que bem quisermos, porém, somos obrigados a comer do fruto, fruto de nossa escolha.

Somos prova de que o envelhecimento para uns traz satisfação, tranqüilidade e prazer enquanto que para outros a inflexibilidade, a intolerância, a impaciência diante dos fatos que fogem ao seu controle crescem em maior proporção.

Imaginar a morte como sentença final para tudo o que foi praticado neste mundo não considero como forma de pagamento ou acerto de contas com Deus. Podemos, de certa forma contribuir para que nossa estadia aqui seja eterna enquanto dure, e que dure da melhor forma possível.

Os caminhos e seus atalhos são muitos, aliás, milhares. Cada um que surge, sempre é um risco a nos tirar do objetivo principal. E qual seria esse objetivo principal? Durar, sobreviver, viver?! Durar para uns, sobreviver para outros, viver para poucos... “Todo homem morre, mas nem todo homem vive” – Coração Valente.

Somos um legado de gerações egoístas que nos antecederam. Pensamos no nosso bem estar. Vivemos para nós mesmos e em busca de realizações pessoais. Toda e qualquer proliferação diferente, que com certeza são raríssimas exceções, são drasticamente eliminadas do mapa ou banidas para os confins inexpressivos, levando em conta o risco que causam às corjas avassaladoras e inescrupulosas enrustidas nas elites sociais.

E quem nunca teve medo de morrer que atire a primeira pedra! São Francisco de Assis chamava a morte de irmã. Todos e todas que aqui habitam terão o mesmo fim. Travessias diferentes. Alegrias, nostalgias, melancolias e formas diferentes de chegarmos lá... A terra que nos cobrirá pode ter cor diferente bem como a madeira do caixão ou as pedras que adornam o sepulcro. Mas, uma coisa é inevitável, mesmo aquele que comeu lagosta durante sua maior parte de sua estadia aqui e bebeu dos melhores vinhos, com certeza vai se decompor e feder igual ao desleixado e maltrapilho mendigo que se esconde nos umbrais da sociedade.

Eu... acredito na vida como dom de Deus. Acredito na vida como travessia ao Seu encontro (se, for merecedor...). Acredito na vida como resultado de Sua Obra prima, obra pincelada a dedo e estampada no rosto de cada um. Óbvio que apesar de sermos Filhos Dele, também somos frutos e parte de uma sociedade excludente que visa tão somente o auge individual através de uma concorrência desleal.

Não! Não são meras falácias. São apenas expressões do amor pela vida-florida-contida-vivida... Consciência de que ela se vai como areia pelas mãos... e que ao pó retornaremos tão breve.
Sim! Ainda tenho medo! Medo de não mais abrir os olhos e assim deixar de ver os tantos rostos dos meus amados e amadas eternizados em minha ainda vida...

Enfim... não escrevo através de nenhuma formação acadêmica. Prazerosamente, desenho as letras, cada uma delas, num rascunho de papel, através da academia da vida, que me deu e me dá subsídios e experiências necessárias para o marco de cada momento, de cada tempo... Hoje, o tempo é para viver!

Ailton Domingues de Oliveira
18/06/12