segunda-feira, 11 de junho de 2012

Bastou um olhar... (II)



"A carência por uma atenção é fácil de ser notada. Difícil é ter atenção para este fato. Além disso, mesmo que se note a necessidade de parar e dedicar um tempinho à quem busca tempo e olhar, o relógio corre contra nós e nos impossibilita de realizar tal proeza. Um dia, lá na frente, num tempo em que o relógio parecerá parado, num tempo em que só nos restará apreciar o que está ao alcance de nossas mãos e de nosso olhar, quem sabe nesse momento conseguiremos entender o valor de um olhar e de alguns minutinhos?! Enfim, na saída da Celebração, com o violão nas costas, notei que tinha um olhar que me acompanhava enquanto caminhava rumo à porta principal. Fui me aproximando daquela senhora de roupas simples, cabelos brancos e fala baixa e não me restou nada a não ser um 'boa noite!' e um 'tudo bem?'... Em mais ou menos cinco minutos e com um sorriso estampado eu soube da sua cirurgia no joelho, que já não doia mais e que também não a impossibilitava de caminhar normalmente, e que agora só restara uma cicatriz... Não pude fazer nada a não ser ouvir e num toque em seu ombro dizer que Graças a Deus ela já podia participar das celebrações na Igreja. Despedi-me dela fazendo um convite para que ficasse e participasse da quermesse... Como já disse não fiz nada, apenas tive o privilégio de ser inútil na vida de alguém que nem sei o nome... E assim vamos aprendendo a valorizar mais aqueles que passam de forma tão estranha e nos deixam marcas tão profundas. No dia em que parar de notar tais simplicidades da vida, será porque já não existe mais vida. Só bastou um olhar."

11/06/12