sexta-feira, 24 de junho de 2016

O silêncio que precede...

O silêncio que precede...
A nota
É crucial, desesperador
Infernal, ostentador
É dele que brota
A entrada e o desfecho
Os arranjos e os arpejos
E aos ouvidos vem a alegria
Nas doces e suaves melodias
Dai-me o silêncio de cada dia...

O silêncio que precede...
A dor
É o impasse e o embalo
É o entrave e o gargalo
É o espinho da flor
Necessário quanto suave
Inquietantemente grave
Que eternamente perdura
Entre saudade, tristeza e amargura
Dai-me o silêncio da noite escura

Dai-me os silêncios
Os inocentes, os displicentes, os exigentes
Os destemperados, os mal-educados, os desesperados
Dai-me logo esta sentença, este presente
Só assim neste meu mundo
Tão imundo da sociedade
Entre notas e dores
Vou plantando tempo e colhendo flores
E sobrevivendo além das margens
Com esperança e coragem...