quarta-feira, 11 de julho de 2012

Doce regresso

Imagino como seria voltar pra casa após muito tempo. Imagino ainda como seria voltar pra casa após tenso período numa guerra. Se deixamos crianças encontraremos adolescentes ou talvez jovens. Se deixamos jovens, encontraremos no mínimo pessoas maduras. Se deixamos pessoas queridas, sábios idosos, por vezes, nos desesperamos em imaginar que não estarão lá para nos acolher em seus braços.

Mantemos sempre acesa em nossa memória a última imagem, a que vimos em nossa partida. A frente e a cor da casa, os móveis em seus devidos lugares, os vizinhos, as plantas, flores e árvores, tudo como da última vez...

O trem que um dia tomamos, em vezes com destino incerto, só tinha uma rota, a de ida. Frente ao que vimos e ouvimos, o fascínio de desbravar o mundo e vencê-lo, apodera-se de nós. Na estação de embarque, ansiedade, alegria, nostalgia, medo, tristeza, uma mistura de sentimentos e vontades. Dor para quem fica. Lembrança que não se apaga...

O tempo... Ah! mais uma vez o amigo e insensato tempo, nos empareda em nossas próprias lembranças e a saudade, companheira fiel deste macro marcador, que numa mistura nos remete à dor mais intensa que o coração quase não pode suportar: a vontade de estar próximo dos que amamos, nossa história viva e herança eterna. Saudade, dor abstrata...

Após perseguir o destino feito um caçador atrás de sua presa, uma após outra, e assim sucessivamente, nos vemos num círculo vicioso que a cada objetivo alcançado ficamos mais distantes de nossas origens e de nos sentir verdadeiramente realizados em plenitude.

Passarão dias e noites. Enfrentaremos tormentas, tempestades, enchentes, solidão, ócio, ira, insignificância e mesmo assim muitos teimam em continuar como prova de coragem. Ou ainda, como se fosse uma derrota retornar para onde um dia saiu. É preciso muito mais coragem para regressar do que para partir.

Regressar, com certeza tem suas mudanças, mas nada que não consigamos nos readaptar. Afinal, somos seres fáceis de adaptação e suscetíveis a reviravoltas, as mais diversas. Regressar, retornar às origens é sinal de grandeza, de maturidade, de consciência, é abraçar a vida sem medo de ser feliz. E quem se importaria com as críticas? Elas sempre vão existir para o seu crescimento ou simplesmente por inveja de sua coragem e ousadia...

Doce regresso. O início como nunca antes fora visto ou vivido. A re-significação da vida em pormenores muito além do que o sucesso, o dinheiro e o status lhe poderiam reservar.

Doce regresso... Já é sucesso desde o seu coração! A chance de continuar a história de maneira singular, mas com uma riqueza que poucos conquistaram e muito menos conquistarão...

Feliz e doce regresso!!!

Ailton Domingues de Oliveira 
11/07/12