segunda-feira, 2 de julho de 2012

Relacionar é uma arte, ceder é a ferramenta.

Numa das gravações ao vivo do Legião Urbana o lendário vocalista Renato Russo assim disse: "Vocês querem uma resposta mas eu nem sei qual é a pergunta!!!" Começo a partir deste ponto. Exigir o máximo quando não estamos prontos a dar nem metade

Relações são vias de duas mãos. Às vezes, numa delas o acesso está liberado e fluindo bem enquanto que a outra está cheia de obstáculos. Relacionar-se é estar preparado para ceder, principalmente.

O quesito relação é extenso. Do momento que acordamos até na hora de dormir estamos em constante relação. Com a família (filhos, pais, avôs), namorada (o) ou esposa (o), com os colegas de trabalho e escola, com os vizinhos, com a comunidade e, também, principalmente com Deus.

Comercialmente nos relacionamos enquanto profissionais ou enquanto clientes. Por vezes notamos que certas pessoas são péssimas no atendimento profissional e excessivamente exigentes quando clientes.

Nada dura através da força da imposição. Nada. O "aceitar" ao próximo é, antes de qualquer coisa, engolir aquilo que ele tem mas que considero como maior atrapalho para uma relação, seja ela qual for. Relacionar é uma arte. Encontrar pontos positivos em alguém que por vezes não tolero se quer o seu tom de voz ou sua maneira atravessada de expressar opiniões que divergem da minha são tarefas e lições a serem aprimoradas com o tempo e a paciência. E por falar em paciência, sou fã de quem as encontrou mais cedo. É um exercício diário pra vida inteira. Saudades da minha avó...

Uma das coisas que hoje acho fascinante é a relação dos enamorados. O tempo passa e aos poucos, como diz Pe. Fábio de Melo, as máscaras caem. Os defeitos aparecem bem como as manias e tudo acaba por virar desentendimento ou incômodo. A paciência é quase uma visita anual no mundo a dois. Então, eis que surge de ambas as partes a necessidade de ser entendido e compreendido. O problema, além da urgência que isso aconteça, é que o(a) outro(a) adivinhe justamente aquilo que estou pensando e precisando para aquele determinado momento. E olha que têm momentos que é "o momento".

Deixar de ser o dono da razão não é simplesmente e somente ser submisso. Olhando pela outra via, a de retorno, é também aprender. Aprender sobre si mesmo. Isso não significa calar-se e assim morrer em si, sem reagir diante de qualquer atitude. Os intolerantes e impacientes entenderão muito bem este conceito.

O mundo é assim. Somos donos das nossas verdades. Nascemos para ser os melhores sempre e assim sobressair sobre qualquer ala que esteja acima, ao nosso lado e/ou principalmente abaixo de nós. Justamente por isso a frieza e a superficialidade impera em qualquer tipo de relação. Antes mesmo de exigir entendimento e compreensão existe a grande lacuna a ser preenchida: "a importância de se fazer entender".

Faço-me entender, dou liberdade para que isso ocorra na outra via, a da pessoa em questão, despojo-me do egoísmo do "tudo ao meu jeito" e assim gero espaço para o crescimento de uma relação alicerçada.

Relacionar é uma arte, ceder é a ferramenta.


Ailton Domingues de Oliveira
(02/07/12)