quinta-feira, 21 de julho de 2016

Meu bom ateu


Andarilha pelos becos à procura
Das indigências expelidas pela realeza,
A besta sociedade que se endeusa de poder,
E toma para si as graças terrenas da sorte
Como os nobres romanos divinizados pelos seus feitos
Aclamados e glorificados feito deuses

Andarilha pelos becos à procura
De toda gente sem sorte
De quem sobrevive à margem real
E cura com lágrimas e sangue
O câncer de cada faminto andante
No abraço desmedido e sem barreira

Andarilha pelos becos à procura
Do Deus da nobreza que salva a realeza
E pune a massa escalpelada e empobrecida
Vira as costas pra miserável fome
Esquarteja e maltrata a quem não o teme
Desqualifica o maldito por ser pobre e sem vez

Andarilha pelos becos à procura
Um ser sem regras, sem quimeras
Destorpecido das fadadas leis morais
Protegido contra o Senhor vingador
Que a sociedade deturpou e matou
Eis um homem sem o vitimizado Criador
És um santo descrente e sem deus
Andarilha por aí o meu bom ateu