sábado, 21 de maio de 2011

A reciprocidade do perdão: realidade na oração do Pai-Nosso.

“...Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais muito antes que vós peçais.” (Mateus – 6,7-9)
            “Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra” – dito popular, que também faz parte de uma das músicas da Pity -  ou seja, está perfeito demais para este mundo. Prepotência e arrogância, lançar olhares, gestos ousadas palavras diante de atos que julgam incorretos. Não somos juízes deste mundo, não somos filtros para o céu. Somos apenas filhos, pecadores, com o livre-arbítrio, com a chance de acertar e o direito de errar, conscientes ou não.
            Não temos o direito de julgar ninguém por incapaz diante de seus atos. Não podemos, nós, tornar as pessoas indignas, pela nossa língua.
            Não adianta inventar as orações para Deus, visando o retorno dos olhares para si... Hipocresia. Fácil ser cristão nas facilidades. Assumir como tal o compromisso real, não há candidato algum.
            Diante de tanta coisa, nota-se o sentido estrito de um trecho na oração do Pai-Nosso, citado em Mateus – 6,12: “...perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...”.
            Se é recíproco, se peço neste termo de reciprocidade, perdoa-me assim como já perdoei, o inverso também é coerente, pois caso eu não perdoe aquém me ofendeu, também não serei perdoado. É simples. Chega a ser lógica.
            Em outro trecho, João – 20, 23, Jesus após ter soprado o Espírito Santo sobre os discípulos reafirma: “Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados.” Eis...
            Perdoar e ser perdoado !!!
            Como filhos de Deus, somos todos queridos, amados. Como irmãos em Cristo, temos os mesmos direitos e deveres. Como cristãos, que afirmamos ser, temos no mínimo, em sã consciência, o dever maior de se prostar aos pés de Jesus, da Igreja, da comunidade; fazer-se presente, participando, comungando e partilhando, enfim, lutando por um Bem Maior, que não o nosso particular. Preocupando-se em, realmente, ser comprometido, esquecendo-se dos ciscos nos olhos dos outros e volvendo os olhos para as causas cristãs.
            Não temos o direito de apontar os erros alheios ou fazer daquilo, o combustível para a derrocada dos outros, mas temos o dever e a obrigação de nos doar ao Amor e ao Bem Comum, e fazer a nossa parte, tão bem feita.

Ailton Domingues de Oliveira